Drishti (Sanskrit: दृष्टि, dṛṣṭi)
Técnica Yogica que consiste em focar o olhar num único ponto, recolhendo os sentidos (Pratyahara) e cultivando a concentração (Dharana).
Ao orientar o olhar para um ponto específico, aumentamos a concentração e eliminamos as distrações do ambiente, guiando a nossa consciência para dentro.
Possui um efeito estimulante nos músculos e nervos óticos e, através deles, no sistema nervoso central, auxiliando no processo de estabilização da mente.
Para onde o olhar vai, a atenção e energia vital (prana) seguem.
Tudo o que praticamos no tapete levamos para a prática fora dele, com os drishtis desenvolvemos a capacidade de manter o foco e equilíbrio em cada movimento, presentes e centrados a cada momento, na vida.
Este ensinamento, vai sendo gravado na memória celular, desenvolvendo essa mesma capacidade de observação e presença na vida.
Ao permitir que os olhos parem concentrando-se num ponto, permitimos que a mente pare também, acalmando. O corpo físico comunica com a mente dando informações para que possa relaxar, desenvolvendo a capacidade de focar e ver o mundo como realmente é.
Vivemos num mundo muito visual, manipulado e acelerado, cheio de estímulos, distrações, aparelhos excessivamente estimulantes e exigências extenuantes, é por isso fundamental direcionar o nosso olhar.
Quando o olhar (e a mente) fica perdido, seja no mundo externo, nas distrações que nos rodeiam seja internamente no turbilhão de pensamentos e estímulos a serem digeridos, perdemos a direção e o equilíbrio.
Cultivar um drishti forte permite centrar a mente e manter o foco ao longo do caminho, ajudando a criar uma forte atenção e intenção com o momento presente, permanecendo em contato com nossa verdadeira essência com quem realmente somos, e com o que é extremamente necessário.
Aplicamos o drishti na prática direcionando fisicamente o olhar para um ponto específico no nosso ambiente externo, como nas nossas mãos ou pés, ajudando a encontrar equilíbrio e foco em todos os asanas.
É um olhar suave de forma a que não forçemos os olhos, mente ou corpo. Por exemplo, quando fazemos paschimottanasana, a flexão à frente sentada, o drishti devia ser nos dedos grandes dos pés; na prática, para certas pessoas isto poderia causar uma contração muscular no pescoço e o desconforto distrai o praticante desfazendo o próposito de objectivo inicial. Assim, no início é melhor deixar o olhar repousar num ponto que sinta mais natural ou, então, fechar os olhos, visualizando o drishti na mente, levando a nossa atenção de fora para dentro de nós.
A maioria dos asanas tem um drishti correspondente para onde devemos dirigir o olhar, que aumenta a concentração na postura, aprofunda a consciência do momento presente, e permite a canalização do prana, movendo a energia para onde precisa de ir. Seguem alguns exemplos de Drishtis:
- Nasāgradṛiṣṭi, a fixação na ponta do nariz;
- Bhrūmādhyadṛiṣṭi, concentração no intercílio;
- Parśvadṛiṣṭi, fixação ocular nas laterais, por cima dos ombros.
- Nabi drishti: olhar no umbigo;
- Hastagrai drishti: olhar numa das mãos;
- Pādayoragrai drishti: olhar nos dedos dos pés;
- Angustha madhyai: olhar nos dedos polegares;
- Ūrdhva ou Antara drishti: olhar acima do rosto, para o céu;
- Bhūcharī drishti: olhar no vazio. Uma excelente forma de dar início à meditação, pois gera um estado de contemplação;
- Agnidṛṣṭi: Fixar o olhar no fogo. Por exemplo a meditação da vela ou fogueira, consiste em focar o olhar fixamente na chama, mantendo-se a uma distância segura, observando as várias cores, o brilho, abstraindo todo o resto é prestando atenção a cada detalhe.
- Tāra ou tārakadṛṣṭi, fixação da visão numa estrela;
- Candradṛṣṭi, estabilização do olhar na Lua;
- Sūryadṛṣṭi, fixação no Sol na hora do nascer ou pôr
Boas práticas

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