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Leonor Buzaglo

Yamas & Niyamas

Os Yamas e Niyamas, presentes nos Sūtras de Patañjali, são os dois primeiros passos desta caminhada.

São a base da nossa prática, indispensáveis para o progresso espiritual no caminho do Yoga. Aplicando- se a todos, independentemente de cultura, religião, época ou circunstância.

São valores morais que guiam as nossas ações (kaaya), discurso (vaacha)

e pensamento (manasa).


Sem alicerces firmes, uma casa não pode ficar de pé. Sem a prática dos princípios dos yamas e niyamas, a prática de asanas é mera acrobacia.



Os Yamas são preceitos éticos para viver em sociedade. Guiando para uma vida em harmonia, considerando o ser humano e as suas interações, experiências, karmas e condicionamentos. São valores morais que guiam as nossas ações, discurso e pensamento.

Sendo eles: Ahimsa (não-violência física, verbal e mental); Satya (Veracidade) Asteya (não roubar); Brahmacharya (controle sobre os sentidos), Aparigraha (não possessividade)


Niyamas são preceitos morais no caminho espiritual do praticante. Conduzindo a mente para viver em harmonia e felicidade interior. É a disciplina no comportamento e atitude em relação a nós próprios.

Sendo eles: Saucha (Limpeza do ambiente, corpo e mente), Santocha (contentamento) Tapas (Esforço sobre si próprio, auto-superação); Svadhyaya (O estudo do 'eu') e Ishivara Pranidhana (Entrega ao absoluto e ordem Cósmica)

Iremos de seguida compreende-los de forma mais profunda:


Yamas


Ahimsa: a não- violência, fisica, verbal ou mental, o pilar central do código ético do Yoga. Entende-

se como a compaixão por todos os seres vivos, eliminando pensamentos ou atitudes que possam causar qualquer tipo de sofrimento a nenhum ser vivo, incluindo o próprio.


Svadhyaya Sankalpa Ahimsa - Cultivo Compaixão, com todos os seres.


Satya, a verdade. Viver em verdade – não apenas aquilo que dizemos, mas fazer

corresponder as nossas palavras e princípios com as atitudes. Tanto nas relações do Yogi com os outros como com ele próprio; procurando sempre a verdade, independentemente onde essa busca nos possa levar. Sendo por vezes um processo profundo que nos leva a retirar camadas e condicionamentos adquiridos por experiências e traumas ou por vezes herdados por factores culturais e educacionais.


Svadhyaya Sankalpa Satya - Vivo em verdade e a minha verdade.


Um de nossos primeiros passos como Yogui é dissolver o conflito entre Ahimsa e Satya. Para Patanjali, todos os yamas e niyamas são guiados por ahimsa (não-violência ou cultivo de compaixão) Não falamos abertamente no caso de causarmos dano a alguém; portanto, Satya honrando os nossos próprios limites e o que precisa ser dito - comunicação consciente. Entrando em sintonia com a nossa motivação -compartilhamos algo porque é a nossa verdade ou porque é a nossa opinião?


Asteya, significa não roubar, não se refere apenas ao acto de roubar, mas sim de eliminar totalmente o impulso de apoderar-se, de cobiçar ou invejar bens, ideias ou conquistas do outro. Não roubar aquilo que não nos pertence, seja um bem material, o mérito de algo, assim como tempo e energia!


O que temos mais probabilidade de roubar? O que é mais frequentemente roubado de nós? Tempo - reclamamos tantas vezes que não há tempo suficiente! Mas com que frequência roubamos nosso próprio tempo (Instagram por exemplo)? É incrível a frequência com que sentimos que não há

tempo suficiente para praticar meditação e ainda assim encontramos muitas oportunidades por dia. Portanto, podemos ver isso como roubar tempo de nós mesmos.

E tempo é energia - que é o outro elemento que provavelmente sentimos que nos é roubado.


Svadhyaya Sankalpa Asteya - Não roubo, incluindo tempo e energia de mim mesmo.


Brahmacharya, pode ser interpretado como uma vida de celibato,

abstinência sexual absoluta, tendo como objectivo a não dissipação de energia através do orgasmo, pretendendo-se a conservação de energia para a prática e estudo do Yoga.

Ainda assim o caminho do Yoga não é apenas para celibatários! Assim sendo devemos reinterpretar a palavra Brahmacharya, à luz da situação e das condições em que vivemos atualmente na nossa sociedade. Entendendo então como o não desvirtuamento da sexualidade, como um caminho de

equilíbrio e amor nas relações, de fidelidade conjugal, coerência relacional e moderação.


Praticar brahmacharya essencialmente significa honrar o que é apropriado para nós em termos de

relacionamentos íntimos. Tradicionalmente, tanto os monges quanto os chefes de família praticavam Yoga. Para um monge, o celibato é totalmente apropriado, mas para um chefe de família, não é. Da mesma forma, era tradicional haver um período de celibato na vida, talvez durante uma imersão nos estudos em um ashram, por exemplo. Portanto, muitas vezes temos dificuldade em traduzir brahmacharya para a nossa prática moderna de Yoga.


Em primeiro lugar, sintonize-se com o que traz equilíbrio, e não seja proveniente de compensação - esteja num relacionamento ou não. Essencialmente, o sexo pode ser uma grande distração e muito de nossa

conduta sexual está na mente! E Patanjali vê a mente e nossos pensamentos como nosso maior obstáculo no cultivo da paz e da unidade.


E olhe para as lições anteriores de ahimsa, satya e asteya - em termos de nós mesmos e dos outros quando estamos num relacionamento - Se estamos num relacionamento porque não queremos ficar sozinhos, não estamos a honestos connosco ou com os outros (satya) e roubar o tempo e a energia de outra

pessoa (asteya), criando, em última análise, conflito e mal-entendido (ahimsa e satya).


Svadhyaya Sankalpa Brahmacharya - Cultivo respeito, equilíbrio e conexão.


Aparigraha, não possessividade, através da generosidade e desapego não apenas a bens materiais, mas também às relações afetivas. Através de Aparigraha o Yogi torna a sua vida o mais simples possível, e treina a mente para que não sofra com a perca ou falta de algo. Em vez de ansiar sempre por mais, lista essa que tende a aumentar incessantemente, praticar a gratidão e contentamento alcançando assim uma felicidade real e duradoura.


Com que frequência nos definimos pelo que vestimos, que emprego temos, que telefone usamos ou se estamos num relacionamento?


Não precisamos limpar o guarda-roupa, atirar o telefone ao rio ou terminar relacionamentos com sua família para praticar o desapego, mas precisamos abandonar a noção de que qualquer uma dessas coisas o define. Já somos aquilo que procuramos.


Svadhyaya Sankalpa Aparigraha - Pratico o desapego e generosidade não apenas a bens materiais, mas também às relações afetivas


Niyamas


Estão ligados à vida interior do praticante. “Enquanto as cinco regras de Yama servem para harmonizar o relacionamento com os outros seres, as cinco regras de Niyamas harmonizam o relacionamento com a vida em geral e com a Realidade transcendente”.


Sauchan, significa “Pureza”. Um organismo poluído pelo uso de drogas ou alimentação e hábitos intoxicantes gera desequilíbrio, condicionamentos e comportamentos contraproducentes. É essencial para o nosso bem-estar e equilíbrio a purificação do corpo, mente e ambiente que os rodeia.

Através de bons hábitos de limpeza purificamos o nosso corpo externamente; āsana e prāṇāyāma limpam-no internamente. A prática de āsanas tonifica todo o corpo, remove toxinas e impurezas causadas pelos

excessos; prāṇāyāma limpa os pulmões, oxigena o sangue e purifica os nervos. Uma alimentação consciente é também importante, se possível vegetariana e biológica. Mas mais importante que a limpeza do corpo é a limpeza da mente, purificando os pensamentos e emoções através da prática de Yoga. Por fim a purificação do ambiente em que vivemos, mantendo-o limpo e contribuindo para um mundo mais puro.


Svadhyaya Sankalpa Saucha - Purifico o meu corpo, mente e ambiente


Santosha, o contentamento, consiste em cultivar um estado interno de satisfação e alegria, independentemente das circunstâncias externas. Apreciando o que temos e adotando uma atitude alegre face ao que não possuímos.

Lembrar que o melhor surfista não é aquele que surfa mais ou maiores ondas, mas sim o que tem o maior sorriso dentro de água. Assim sendo o maior Yogi não é aquele que faz o exercício mais complicado, mas sim aquele vive a sua vida em felicidade (com o maior sorriso!)


Não convém usar este preceito como desculpa para aceitarmos o estado das coisas simplesmente para evitar o esforço e luta para o transformar.


Contentamento é uma compreensão interior - saber que é isso no momento. Apreciando o momento pelo que ele é. Não precisa de se sentir totalmente feliz com isso, mas está satisfeito com toda a gama de sentimentos humanos que esta experienciar nesse momento.


Svadhyaya Sankalpa Santosha - Pratico o contentamento perante a realidade que se manisfesta


Tapas, significa “calor”, “queimar”. Tapas encoraja-nos a ter determinação, força de vontade, esforço sobre nós próprios. Exige disciplina, autocontrolo e persistência não apenas na prática de Yoga, mas na vida pessoal e profissional. Traduz-se num esforço ardente em todas as circunstâncias para alcançar um objectivo definido na vida.


Tapas é o elemento na nossa prática de Yoga que nos mantém focados e constrói a nossa força interior. É o elemento que nos leva de volta ao tapete, a ultrapassar os obstáculos da vida no dia seguinte.

como um calor interno ou fogo que queima nossos desejos mesquinhos enquanto nos concentramos no desejo profundo de Auto-realização.


Svadhyaya Sankalpa Tapas - Tenho em mim a força, disciplina e persistência para atingir qualquer objectivo, eliminar qualquer obstaculo.


Svādhyāya, conduz à descoberta de nós próprios e de toda a natureza que nos rodeia. É o estudo da metafísica do Yoga e de si próprio, abrange não apenas o autoconhecimento através da reflexão sobre a sabedoria das escrituras (shastras), mas também a aplicação prática desse conhecimento.

Eliminando a ignorância e absorvendo conhecimento. Percebendo que toda a criação é divina, que essa mesma divindade está dentro de nós, e que a energia que nos move é a mesma que move o universo inteiro!


Podemos ler todos os livros sobre Yoga e uma biblioteca cheia de

livros sobre iluminação e eles certamente nos darão ideias - mas até que

realmente incorporemos os ensinamentos e ofereçamos nossas próprias

experiências de vida aos ensinamentos, nada muda. Podemos ter vislumbres -

mas precisamos aplicar os ensinamentos em nossa própria bagagem emocional

única.


Svadhyaya Sankalpa Svadhyaya - Comprometo-me no estudo no eu, atraves dos ensinamentos do Yoga e dos meus próprios pensamentos, actos e ações.


īshvarapranidhāna, lembra-nos que uma força superior se encontra à nossa volta e dentro de nós, dando sentido à vida. Īshvarapranidhāna é entregar a essa força as nossas ações e os seus frutos; agirmos sem esperarmos recompensas, com desapego do resultado da acção; autoaceitação no momento presente. Entrega ao Todo.

Bhavitam Bhavati Eva: Aquilo que tiver de ser, será.


Svadhyaya Sankalpa Ishwara Pranidhana - Entrego ao Divino


Tanto os Yamas como Niyamas são ambos valores, condutas ou atitudes que guiam e tornam a nossa mente livre de conflitos, condição indispensável para o autoconhecimento e até mesmo para termos saúde, paz e felicidade.


Devem ser bem entendidas para que não tenham o efeito oposto, de criar conflitos por uma sensação de culpa advinda de possíveis dificuldades em aplicá-las nas nossas vidas. Embora atuem como códigos que facilitam a convivência social, as atitudes propostas servem para o próprio indivíduo como um meio pelo qual o autoconhecimento se torna possível.






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